PRIMEIRA INFÂNCIA
A timidez faz parte da personalidade, mas em excesso pode ser prejudicial para seu filho!
A timidez pode se manifestar desde os primeiros anos de vida da criança. Veja como ajudar seu filho a se sociabilizar
Elas não gostam de aparecer ou de falar muito, ficam ruborizadas quando a atenção recai sobre elas e têm um tom baixo de voz: são as crianças
tímidas. Comportar-se assim não é um problema e não deve ser tratado como tal na família. É preciso respeitar o jeito de ser de cada criança.
Porém, se a timidez leva a criança a se isolar - querer apenas brincar sozinha, não participar de atividades sociais como festas e passeios -
e a apresentar dificuldades na escola, os pais devem, sim, intervir.
A timidez é um traço de personalidade que pode se manifestar desde os primeiros anos de vida. "Por volta de um ano e meio, dois anos, a criança
começa a se perceber como um ser independente e passa a ter noção de seus erros e de seus acertos. Começam também a partir dessa fase as
autocensuras e o temor de não atender às expectativas dos outros", diz a psicóloga Eliana de Barros Santos. Para não correr o risco de errar,
de ser criticado ou de não ter a aprovação dos outros, a criança tímida prefere se preservar e evitar as situações em que fica exposta.
O QUE É A TIMIDEZ?
A timidez é um padrão de comportamento em que a pessoa não consegue exprimir (ou exprime pouco) o que pensa e sente por receio de não ter a
aprovação dos outros. Ela mostra desconforto e inibição em situações de interação pessoal, conforme explica Quézia Bombonatto, psicopedagoga e
presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). "A timidez se caracteriza por uma preocupação excessiva com as atitudes,
percepções, reações e pensamentos dos demais".
A PARTIR DE QUANDO A TIMIDEZ PODE SE MANIFESTAR?
A partir de um ano e meio, dois anos, tem início o processo em que as crianças começam a se perceber como indivíduos, conforme explica a
psicóloga Eliana de Barros Santos, diretora pedagógica do Colégio Global, de São Paulo. Ao se perceber como um ser independente, a criança
também passa a aprender a diferença entre o certo e o errado, entre aquilo que agrada e o que desagrada. Por consequência, também começa a ter
autocensura e a tentar evitar aquilo que gera críticas. É então que surge a timidez: em vez de se expor ao risco de errar e de ser criticada, a
criança prefere não entrar em situações em que isso possa acontecer.
A TIMIDEZ É UMA DOENÇA?
Não, a timidez não é uma doença e nem chega a ser um problema se não leva a criança a se isolar ou ter seu desempenho comprometido nas
atividades cotidianas, como ir à escola. "Ser tímido, ser mais retraído, não é por si só um problema. A timidez é também uma atitude de
proteção e preservação do indivíduo e deve ser respeitada. Nem todos são iguais, nem todos precisam ser extremamente sociáveis", diz a
psicóloga Eliana de Barros Santos.
QUAIS SÃO OS SINAIS DA TIMIDEZ?
Um dos sinais de timidez é o rubor na face, explica Quézia Bombonatto, psicopedagoga e presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia
(ABPp). "Ele pode estar associado ou não ao rubor das orelhas e do pescoço. Seu aparecimento é acompanhado de um sintoma que se caracteriza por
sensação súbita de calor na região afetada. É comum também o tímido apresentar uma fala pouco fluente (gaguejar), usar baixo volume de voz, ter
pouco contato visual com o interlocutor e apresentar pouca expressão corporal", diz.
MEU FILHO PEQUENO NÃO GOSTA DE IR A FESTINHAS E PREFERE SEMPRE BRINCAR SOZINHO. O QUE DEVO FAZER?
Quando a criança começa a se isolar, prefere estar sempre sozinha e não quer participar de situações que deveriam ser prazerosas, como uma festa,
um passeio, ou brincar com amigos, é sinal de que a timidez está se transformando em um problema. "Nessas horas os pais podem sim intervir e
investir em situações em que a criança vá gradativamente aprendendo e ganhando confiança para se expor mais e participar das atividades sociais",
diz a psicóloga Eliana de Barros Santos. "Se a criança não quer ir a uma festa de aniversário por ser tímida, faça combinados com ela, como:
então vamos até lá apenas para entregar o presente, ou entendo que você não quer ir, mas vamos até lá e ficamos apenas meia hora. Não é preciso
forçar a criança a dar beijinhos em todos ou se comportar com total expansão, mas incentivá-la aos poucos a se soltar".
MEU FILHO NÃO CONSEGUE FICAR LONGE DE MIM? O QUE FAZER?
Será que ele não consegue mesmo ou é você que o está acostumando a estar sempre perto de você? Pais super protetores podem criar crianças
inseguras de explorar novos ambientes ou situações. "Os pais têm de se trabalhar para soltar mais a criança. Da mesma forma, se a família tem
um padrão mais retraído, mais tímido, com pouca interação social, a criança poderá seguir esse modelo", diz a psicóloga Eliana de Barros Santos.